Compreendendo a perda de memória
A perda de memória, também conhecida como amnésia, pode ser definida como a incapacidade de recordar informações, experiências ou habilidades que foram previamente aprendidas. Ela pode ser total ou parcial, e pode ser classificada em :
- Perda da memória recente (ou de curto prazo): Caracteriza-se pela dificuldade em lembrar eventos ou informações ocorridas há pouco tempo. Por exemplo, esquecer uma conversa de horas atrás ou onde deixou objetos.
- Perda da memória antiga (ou de longo prazo): Dificuldade em recordar eventos mais distantes no tempo, como memórias da infância ou fatos históricos.
- Perda da memória semântica: Refere-se à dificuldade em acessar conhecimentos gerais e fatos, como o significado de palavras ou conceitos.
- Perda da memória de procedimento: Afeta a capacidade de realizar tarefas motoras ou habilidades aprendidas (como andar de bicicleta ou dirigir).
A extensão da diminuição da memória varia muito, desde lapsos momentâneos até demência. É importante ressaltar que a perda da memória pode não ser uma doença em si, mas um sintoma de alguma condição subjacente.
O que pode causar a perda de memória?
As causas da perda de memória são variadas e complexas, abrangendo desde condições neurológicas graves até fatores psicológicos ou hábitos de vida. Entender as principais causas é o primeiro passo para um diagnóstico preciso.
- Condições Neurológicas e Doenças Cerebrais:
- Doenças Neurodegenerativas: A mais conhecida é a Doença de Alzheimer, que leva a uma perda progressiva e intensa da memória, além de outros sintomas cognitivos. Outras doenças que causam perda da memória incluem a Demência Vascular, Demência com Corpos de Lewy e a Doença de Parkinson avançada.
- Acidente Vascular Cerebral (AVC): A perda da memória pode ocorrer dependendo da área do cérebro afetada, sendo um tipo de perda da memória repentina.
- Traumatismos Cranianos: Um impacto na cabeça pode resultar em perda da memória total ou parcial, dependendo da gravidade e da localização da lesão.
- Tumores Cerebrais e Infecções: Cânceres ou infecções graves no sistema nervoso podem comprometer as funções cognitivas.
- Esclerose Múltipla.
- Fatores Psicológicos e Emocionais:
- Estresse crônico e Ansiedade severa: A ansiedade é uma causa comum. Períodos de intenso estresse podem levar a dificuldades de concentração e lembrança.
- Depressão: Pode mimetizar quadros de demência, causando problemas de memória e lentidão mental.
- Síndrome do Pânico: Pode se manifestar com sintomas de despersonalização e dificuldade em recordar eventos.
- Medicamentos e Substâncias:
- Efeitos Colaterais de Remédios: Há medicamentos têm a perda da memória como efeito colateral. Há exemplos entre alguns sedativos, antidepressivos, quimioterápicos e até medicamentos para acne e para o coração.
- Uso de Drogas e Álcool: Maconha, cocaína e consumo excessivo de álcool.
- Condições Clínicas Diversas:
- Deficiências Nutricionais: A falta de vitaminas essenciais, como as B12 e D, e Ácido Fólico pode impactar a cognição.
- Problemas Hormonais: Hipotireoidismo e outras disfunções hormonais podem afetar a memória. Especificamente, mulheres podem experimentar a perda de memória na menopausa, também chamada névoa mental ou brain fog.
- Infecções: Algumas infecções, como infecção urinária, pneumonia, sífilis, HIV, ou infecções cerebrais como meningite e encefalite podem causar confusão mental e lapsos.
- Problemas de Sono: Apneia do sono (paradas respiratórias durante o sono), insônia crônica e outros distúrbios que impedem um sono reparador. Além disso, o sono inadequado impede a consolidação das memórias.
- Desidratação
- Condições Metabólicas e Sistêmicas: Diabetes não controlado, doenças renais ou hepáticas que levam ao acúmulo de toxinas, desidratação e desequilíbrios eletrolíticos.
- Doenças Autoimunes: Podem provocar perda da memória recente.
- Perda de Memória e Envelhecimento:
- Enquanto um certo grau de esquecimento é comum com o passar dos anos, a perda de memória em idosos nem sempre é normal e pode indicar condições mais sérias.
Sinais de alerta da perda de memória: quando buscar ajuda médica?
Enquanto esquecimentos ocasionais são parte da vida, alguns sintomas indicam que é hora de consultar um especialista:
- Esquecimento Constante: Dificuldade em lembrar informações recém-adquiridas ou eventos recentes (perda constante da memória).
- Dificuldade em Tarefas Cotidianas: Problemas para realizar atividades que antes eram fáceis, como cozinhar, dirigir, gerenciar finanças ou tomar medicamentos corretamente.
- Desorientação no Tempo e Espaço: Perder-se em locais familiares ou ter dificuldade em saber o dia, mês ou ano.
- Dificuldade de Linguagem: Esquecer palavras comuns, substituir palavras por outras incomuns, ou ter dificuldade em seguir ou participar de uma conversa.
- Mudanças de Humor e Comportamento: alterações na personalidade, irritabilidade, apatia ou desconfiança.
- Dificuldades Inexistentes Anteriormente: resolver problemas, seguir planos, tomar decisões ou lidar com situações inesperadas.
- Sintomas Físicos Associados: A presença de outros sintomas, como náusea, tontura e dor de cabeça pode indicar a necessidade de avaliação imediata.
É possível reverter a perda de memória?
Sim, é possível, especialmente quando a causa é identificável e tratável (como deficiências nutricionais, desequilíbrios hormonais ou efeitos colaterais de medicamentos). Mudanças no estilo de vida (atividade física, saúde laboral, social e interpessoal) impactam diretamente no funcionamento da memória. Tratar transtornos de humor (depressão e ansiedade) também é um pilar para a saúde cerebral e da memória, como se faz na neurologia preventiva.
Perguntas relacionadas
Qual especialista cuida da perda de memória?
Um neurologista é o profissional mais indicado para investigar as causas, fazer o diagnóstico da perda de memória e propor o tratamento adequado. Ele também é indicado para descartar diagnósticos e propor medidas preventivas adequadas a cada pessoa – na maioria das vezes é uma circunstância temporária, que pode ser afastada com circunstâncias factíveis.
Qual o CID para perda de memória?
A perda de memória é um sintoma, não uma doença em si, e o Código Internacional de Doenças (CID-10) atribuído dependerá da causa subjacente e das características específicas.
No entanto, existem alguns códigos CID-10 que são frequentemente utilizados para descrever a perda de memória ou condições relacionadas:
- R41.3 – Outra amnésia: Este é um código geral usado para perda de memória quando uma causa mais específica não foi determinada ou quando se trata de um sintoma isolado de amnésia sem uma doença de base clara definida no momento.
- G31.84 – Comprometimento cognitivo leve (CCL): Usado para descrever um declínio na função cognitiva (incluindo memória) que é maior do que o esperado para a idade, mas que não atende aos critérios para um diagnóstico de demência.
- R41.81 – Declínio cognitivo relacionado à idade: Este código pode ser usado para descrever a perda de memória que é considerada parte do processo normal de envelhecimento, sem que haja uma doença subjacente significativa.
Além desses, se a perda de memória for parte de uma condição neurológica ou psiquiátrica específica, o CID-10 será o da doença principal. Por exemplo:
- G30.- – Doença de Alzheimer: Se a perda de memória for um sintoma da Doença de Alzheimer (com subcategorias para tipo e início).
- F01.- – Demência Vascular: Se a perda de memória for causada por problemas vasculares no cérebro.
- F06.7 – Transtorno cognitivo leve devido a condição fisiológica conhecida: Se a causa da perda de memória for identificável e tratável, como deficiências vitamínicas, problemas de tireoide, etc. (O uso deste código dependerá da etiologia específica).
Conclusão
A perda da memória é um sintoma que merece atenção e investigação. Não é algo a ser normalizado sem a devida análise. Compreender suas causas, reconhecer os sinais de alerta e buscar apoio especializado são passos fundamentais. Na Glia Neurologia, estamos prontos para oferecer o diagnóstico preciso e as opções de tratamento que promovem sua clareza mental e bem-estar.