A Doença de Machado-Joseph, também conhecida como Ataxia Espinocerebelar Tipo 3 (SCA3), é uma condição neurodegenerativa hereditária que provoca perda progressiva da coordenação motora e do equilíbrio, pode trazer também dificuldades de fala, de deglutição e alterações de movimento dos olhos, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Não há cura para a doença. Os medicamentos podem aliviar sintomas, mas não evitam a progressão. Neste cenário, a neuromodulação não invasiva se apresenta como uma alternativa promissora, capaz de complementar os tratamentos existentes, aliviando os sintomas motores e cognitivos, e proporcionando uma abordagem mais integrada e menos invasiva para o manejo da doença.
O que é Neuromodulação Não Invasiva?
A neuromodulação não invasiva refere-se a técnicas que alteram a atividade cerebral sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos. No contexto da doença de Machado Joseph, duas técnicas principais têm se destacado:
A Estimulação Magnética Transcraniana utiliza campos magnéticos para estimular circuitos/redes do sistema nervoso. Imagine-a como um “despertador” para as células cerebrais que estão “dormindo” devido à doença de Machado Joseph.
A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua aplica uma corrente elétrica de baixa intensidade através do couro cabeludo para modular a atividade neural. Esta técnica é como um “regulador de volume” para a atividade cerebral, ajudando a “aumentar” ou “diminuir” a atividade em áreas específicas afetadas pela doença.
Quando recorrer à Neuromodulação não invasiva para tratar a doença de Machado Joseph?
Ainda não existem medicamentos específicos para o tratamento da doença de Machado Joseph. A neuromodulação não invasiva é, portanto, uma alternativa.
Outras circunstâncias em que convém recorrer ao tratamento são:
- Sintomas motores persistentes
Pacientes que continuam a sofrer com perda progressiva da coordenação motora e do equilíbrio podem se beneficiar da neuromodulação. As técnicas como a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) têm mostrado eficácia na redução desses sintomas, melhorando a funcionalidade diária.
Problemas de humor
A neuromodulação não invasiva tem demonstrado ser bastante eficaz no alívio dos sintomas depressivos, proporcionando uma abordagem holística para o tratamento.
Integração com outras terapias
A neuromodulação pode ser integrada com outras formas de tratamento, como fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia, para maximizar os benefícios.
Por que recorrer ao tratamento com Neuromodulação não invasiva para doença de Machado Joseph?
Os benefícios e vantagens apresentados por este tratamento incluem:
Melhora nos movimentos
Muitos pacientes relatam melhora da coordenação motora, dos movimentos finos, do alinhamento postural e da flexibilidade.
Caminhada mais estável
O ganho de equilíbrio pode proporcionar mais independência.
Menos fadiga
Pacientes frequentemente relatam se sentirem mais energizados após o tratamento.
Melhora cognitiva
Problemas de memória e concentração são comuns, mas muitos notam uma melhora significativa nessas áreas.
Melhora no humor
Muitos pacientes relatam melhora dos sintomas depressivos.
Como é feito o tratamento?
Na Glia, o tratamento é conduzido da seguinte forma:
Avaliação inicial
Antes de iniciar o tratamento, o paciente passa por uma avaliação detalhada com o neurologista para determinar a adequação da neuromodulação não invasiva ao seu caso. Neste momento, é determinada a técnica de neuromodulação a ser usada no tratamento do paciente.
Sessões do tratamento
Durante uma sessão de TMS, o paciente se senta confortavelmente enquanto o dispositivo de neuromodulação é posicionado próximo ao couro cabeludo. Cada sessão pode durar de 30 a 60 minutos.
No caso da TDCS, eletrodos são justapostos ao couro cabeludo ou a pele e aplica-se uma corrente de intensidade muito baixa.
Frequência e duração
O tratamento geralmente envolve sessões diárias durante várias semanas. A frequência e a duração exatas dependem da resposta individual do paciente.
Monitoramento e ajustes
Na Glia, o progresso do paciente é monitorado regularmente, e ajustes podem ser feitos no protocolo de tratamento conforme necessário e de acordo com a resposta observada. Estas ações são fundamentais para otimizar os resultados. Isso garante que o tratamento seja adaptado às necessidades individuais de cada paciente, especialmente considerando a variabilidade na resposta ao tratamento da doença Machado Joseph.
Número de sessões recomendado
Em média, são recomendadas de 20 a 30 sessões para um tratamento eficaz da doença de Machado Joseph. A resposta ao tratamento pode variar, mas a maioria dos pacientes começa a observar os primeiros resultados após 2 a 4 semanas de sessões contínuas.
Duração dos efeitos
Os efeitos do tratamento podem durar de vários meses a mais de um ano. Para prolongar os benefícios, alguns pacientes podem necessitar de sessões de manutenção periódicas. Isso é especialmente relevante no tratamento da doença de Machado Joseph, onde a manutenção dos efeitos terapêuticos é crucial para melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade do paciente.
Perguntas frequentes
A Neuromodulação não invasiva cura a doença de Machado Joseph?
Não. Atualmente, a Doença de Machado-Joseph não tem cura. As técnicas de neuromodulação podem ajudar a aliviar alguns sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Há casos em que o tratamento é contraindicado?
Sim. Todos eles são apontados na página sobre neuromodulação não invasiva.
A neuromodulação não invasiva representa uma inovação significativa no tratamento da doença de Machado Joseph, oferecendo uma alternativa eficaz e segura para pacientes que buscam alívio dos sintomas motores e uma melhor qualidade de vida. Sempre é crucial que a decisão de utilizar essas técnicas seja feita em conjunto com um neurologista especializado.
Buscando uma Clínica de Neuromodulação em São Paulo? Marque uma consulta conosco!
Referências bibliográficas:
Cerebellum. 2024 Aug;23(4):1614-1625.
doi: 10.1007/s12311-023-01638-x. Epub 2023 Nov 29.
Effects of Non-invasive Brain Stimulation on Hereditary Ataxia: a Systematic Review and Meta-analysis
Ye Liu 1, Yiming Ma 1, Jing Zhang 1 2, Xuejing Yan 1, Yi Ouyang 3
PMID: 38019418 DOI: 10.1007/s12311-023-01638-x
Published Ahead of Print on August 22, 2018 as 10.1212/WNL.0000000000006210 ARTICLE CLASS OF EVIDENCE
Cerebello-spinal tDCS in ataxia A randomized, double-blind, sham-controlled, crossover trial
Alberto Benussi, MD, Valentina Dell’Era, MD, Valentina Cantoni, MS, Elisa Bonetta, MS, Roberto Grasso, PsyD, Rosa Manenti, PhD, Maria Cotelli, PhD, Alessandro Padovani, MD, PhD, and Barbara Borroni, MD Neurology® 2018;00:e1-e12. doi:10.1212/WNL.0000000000006210
Front. Neurol., 11 February 2019
Sec. Movement Disorders
Volume 10 – 2019 | https://doi.org/10.3389/fneur.2019.00073
Repetitive Transcranial Magnetic Stimulation in Spinocerebellar Ataxia: A Pilot Randomized Controlled Trial
Brad Manor1,2,3†, Patricia E. Greenstein1,2*†, Paula Davila-Perez1,2, Seth Wakefield1,2, Junhong Zhou2,3 and Alvaro Pascual-Leone1,2,4
REVIEW ARTICLE Current Neuropharmacology, 2019, 17, 14-20
Noninvasive Cerebellar Stimulation as a Complement Tool to Pharma cotherapy
Roberta Ferruccia,b,c,*, Tommaso Boccib,d, Francesca Corteseb,e,f, Fabiana Ruggierob and Alberto Prioria,b,
Non-Invasive Cerebellar Stimulation in Neurodegenerative Ataxia: A Literature Review
Alberto Benussi 1, Alvaro Pascual-Leone 2,3 and Barbara Borroni 1,*
International Journal of Molecular Sciences
Published: 12 March 2020
