Neuromodulação não invasiva para depressão: conheça

A Neuromodulação não invasiva tem demonstrado ser um tratamento alternativo eficaz para a depressão. Saiba em quais situações recorrer a ele, suas vantagens e como é feito.
Neste post, você vai saber:

A depressão é uma condição complexa e debilitante que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Para muitos, os tratamentos convencionais, como medicamentos antidepressivos e psicoterapia, são eficazes. No entanto, há casos em que esses métodos não proporcionam alívio suficiente, levando os pacientes e seus familiares a buscar um tratamento alternativo para depressão. A neuromodulação não invasiva, especialmente através de técnicas como a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC), tem emergido como uma opção promissora e eficaz.

O que é Neuromodulação Não Invasiva?

A neuromodulação não invasiva refere-se a técnicas que alteram a atividade cerebral sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos. No contexto da depressão, duas técnicas principais têm se destacado:

A Estimulação Magnética Transcraniana utiliza campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro, especialmente aquelas envolvidas na regulação do humor.

O uso da EMT para o tratamento de depressão foi aprovado pelo FDA em 2008. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) autorizou o uso da EMT em 2012 para tratar depressão unipolar e bipolar, além de alucinações auditivas na esquizofrenia. 

A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua aplica uma corrente elétrica de baixa intensidade através do couro cabeludo para modular a atividade neural de áreas cerebrais subjacentes, ajudando a aliviar os sintomas depressivos.

Quando recorrer à Neuromodulação não invasiva para tratar a depressão?

Este tratamento é indicado nos seguintes casos:

  • Depressão leve, moderada ou resistente ao tratamento

Inicialmente, a neuromodulação não invasiva era indicada apenas para depressão resistente ao tratamento, que é aquela que não responde adequadamente à medicação. Hoje, o tratamento também é indicado para casos de depressão leve e moderada, tanto como única terapia ou como complementar.

  • Intolerância aos medicamentos

Alguns pacientes experimentam efeitos colaterais intoleráveis com medicamentos antidepressivos ou têm contraindicações ao uso desses medicamentos devido a outras condições médicas. A neuromodulação não invasiva apresenta uma alternativa eficaz sem os efeitos colaterais sistêmicos associados aos medicamentos.

  • Preferência do paciente

Há pacientes que preferem evitar medicamentos devido ao histórico de dependência ou simplesmente uma preferência por tratamentos não farmacológicos. A neuromodulação pode ser uma escolha adequada para esses indivíduos, oferecendo uma abordagem eficaz sem o uso de drogas.

  • Complemento a outros tratamentos

A neuromodulação também pode ser utilizada em conjunto com medicamentos e psicoterapia para potencializar os efeitos terapêuticos. Essa abordagem multimodal pode maximizar a resposta ao tratamento, proporcionando um alívio mais completo dos sintomas.

  • Depressão grave ou urgente

Em casos de depressão severa, onde há risco elevado de suicídio ou incapacidade funcional significativa, o psiquiatra do paciente pode optar pela neuromodulação,  que  proporciona uma resposta mais rápida em comparação com os antidepressivos, que podem levar semanas para mostrar efeitos.

Por que recorrer ao tratamento Neuromodulação não invasiva para depressão?

Os benefícios e vantagens apresentados por este tratamento incluem:

  • Eficácia comprovada no alívio dos sintomas

Diversos estudos clínicos têm demonstrado a eficácia da neuromodulação não invasiva no alívio dos sintomas da depressão. Técnicas como a EMT e a ETCC têm mostrado resultados promissores, com muitos pacientes experimentando uma redução significativa dos sintomas e alguns alcançando remissão completa.

  • Perfil de segurança

A neuromodulação não invasiva é considerada segura para a maioria dos pacientes, incluindo aqueles que não podem tomar antidepressivos devido a condições médicas preexistentes.

  • Efeitos colaterais mínimos

A neuromodulação não invasiva geralmente apresenta efeitos colaterais mínimos, como leve desconforto no local da estimulação ou dor de cabeça temporária.

  • Não invasivo e não farmacológico

Essas técnicas não envolvem cirurgia, anestesia ou internação hospitalar, oferecendo uma alternativa atraente para pacientes que preferem evitar tratamentos invasivos ou medicamentos.

  • Melhora da qualidade de vida

Pacientes frequentemente relatam melhorias na qualidade de vida, incluindo melhor funcionamento social e ocupacional. A redução dos sintomas de depressão pode levar a uma sensação geral de bem-estar e aumento da capacidade de enfrentar a vida cotidiana.

  • Melhora de sintomas residuais

Os declínios cognitivo, de memória e de concentração são sintomas que podem persistir após a melhora da depressão. A neuromodulação não invasiva, principalmente a técnica EMT, auxilia na redução destes sintomas.

  • Flexibilidade no tratamento

A neuromodulação pode ser ajustada de acordo com a resposta do paciente, permitindo uma abordagem personalizada. Além disso, pode ser usada em conjunto com outras terapias para melhorar os resultados gerais.

Como é feito o tratamento?

Na Glia, o tratamento é conduzido da seguinte forma:

  • Avaliação inicial

Antes de iniciar o tratamento, o paciente passa por uma avaliação detalhada com o Neurologista para determinar a adequação da neuromodulação não invasiva ao seu caso. Isso inclui uma revisão do histórico médico e psiquiátrico, além de uma avaliação dos sintomas atuais de depressão, como a intensidade e a duração dos episódios depressivose os tratamentos, farmacológicos ou não, em curso. Neste momento é determinada a técnica de neuromodulação a ser usada no tratamento do paciente. Para obter informações específicas sobre elas, acesse os links EMT e ETCC.

  • Sessões do tratamento

Durante uma sessão, o paciente se senta confortavelmente enquanto o dispositivo de neuromodulação é posicionado próximo ao couro cabeludo. Dependendo da técnica utilizada, o dispositivo pode emitir pulsos magnéticos ou aplicar uma corrente elétrica de baixa intensidade para estimular áreas específicas do cérebro associadas à regulação do humor e à depressão. Cada sessão pode durar de 20 a 40 minutos.

  • Frequência e duração

O tratamento geralmente envolve sessões diárias durante várias semanas. A frequência e a duração exatas dependem da resposta individual do paciente e do protocolo específico utilizado, mas normalmente são realizadas de segunda a sexta-feira. Para a depressão, um protocolo comum pode incluir sessões diárias durante 4 a 6 semanas.

  • Monitoramento e ajustes

O progresso do paciente é monitorado regularmente, e ajustes podem ser feitos no protocolo de tratamento conforme necessário para otimizar os resultados. Isso garante que o tratamento seja adaptado às necessidades individuais de cada paciente, especialmente considerando a variabilidade na resposta ao tratamento da depressão.

  • Número de sessões recomendado

Em média, são recomendadas de 15 a 30 sessões para um tratamento eficaz da depressão. A resposta ao tratamento pode variar, mas a maioria dos pacientes começa a observar os primeiros resultados após a metade do tratamento.

  • Duração dos efeitos

Os efeitos do tratamento podem durar de vários meses a mais de um ano. Para prolongar os benefícios, alguns pacientes podem necessitar de sessões de manutenção periódicas. Isso é especialmente relevante no tratamento da depressão, onde a manutenção dos efeitos terapêuticos é crucial para prevenir recaídas.

  • Contraindicações

As contraindicações para a neuromodulação não invasiva podem ser consultadas na página sobre o tratamento.

 

A neuromodulação não invasiva, através de técnicas como a EMT e a ETCC, representa uma opção eficaz e segura para o tratamento da depressão, especialmente em casos resistentes a tratamentos convencionais. Com um perfil de segurança favorável, flexibilidade no tratamento e evidências robustas de eficácia, essas técnicas oferecem uma nova esperança para pacientes e seus familiares. 

Buscando uma Clínica de Neuromodulação em São Paulo? Marque uma consulta conosco!

Referências bibliográficas:

The Lancet Psychiatry Volume 10, Issue 4, April 2023, Pages 252-259 Articles 

Effects of repetitive transcranial magnetic stimulation of the left dorsolateral prefrontal cortex on symptom domains in neuropsychiatric disorders: a systematic review and cross diagnostic meta-analysis 

Author links open overlay panel Rebecca L D Kan MSc a, Prof Frank Padberg MD c d, Cristian G Giron MPhil a, Tim T Z Lin MSc a, Bella B B Zhang MSc a, Prof Andre R Brunoni PhD e f, Georg S Kranz PhD a b g h

 

SYSTEMATIC REVIEW OPEN

Efficacy of neurostimulation across mental disorders: systematic review and meta-analysis of 208 randomized controlled trials

Joshua Hyde 1, Hannah Carr1, Nicholas Kelley2, Rose Seneviratne1, Claire Reed 1, Valeria Parlatini3, Matthew Garner1,4, Marco Solmi 5,6, Stella Rosson7, Samuele Cortese1,4,8,9,10,11 and Valerie Brandt1,11

Molecular Psychiatry (2022) 27:2709–2719; https://doi.org/10.1038/s41380-022-01524-8

The Clinical TMS Society Consensus Review and Treatment Recommendations for TMS Therapy for Major Depressive Disorder 

Tarique Perera a, Mark S. George b,c,*, Geoffrey Grammer d, Philip G. Janicak e, Alvaro Pascual-Leone f, Theodore S. Wirecki g,1 a Contemporary Care, Greenwich, CT, USA b Brain Stimulation Division, Department of Psychiatry, Medical University of South Carolina, Charleston, SC, USA c Ralph H. Johnson VA Medical Center, Charleston, SC, USA d TMSNeuroHealth, McLean, VA, USA e Department of Psychiatry and Behavioral Sciences, Northwestern University Feinberg School of Medicine, Chicago, IL, USA f Berenson-Allen Center for Non-invasive Brain Stimulation, Beth Israel Deaconess Medical Center, Harvard Medical School, Boston, MA, USA g TMSCenter of Colorado, Denver, CO, USA

bioRxiv preprint first posted online Mar. 28, 2019; doi: http://dx.doi.org/10.1101/58180. (which was not peer-reviewed) is the author/funder, who has granted bioRxiv a license to display the preprint in perpetuity. It is made available under a CC-BY-NC-ND 4.0 International license .

Stanford Accelerated Intelligent Neuromodulation Therapy for Treatment-Resistant Depression (SAINT-TRD) 

Eleanor J. Cole, Katy H. Stimpson, Merve Gulser, Kirsten Cherian, Claudia Tischler, Romina Nejad, Brandon S. Bentzley, Heather Pankow, Elizabeth Choi, Haley Aaron, Flint M. Espil, Jaspreet Pannu, Xiaoqian Xiao, Dalton Duvio, Hugh B. Solvason, Jessica Hawkins, Jennifer Keller, Alan F. Schatzberg, Keith D. Sudheimer&*, Nolan R. Williams&*

JAMA Netw Open. 2024 May; 7(5): e2412616. Published online 2024 May 22. doi: 10.1001/jamanetworkopen.2024.12616: 10.1001/jamanetworkopen.2024.12616 PMCID: PMC11112448 PMID: 38776083

Transcranial Magnetic Stimulation and Transcranial Direct Current Stimulation Across Mental Disorders A Systematic Review and Dose-Response Meta-Analysis 

Michel Sabé, MD, Joshua Hyde, BSc, Catharina Cramer, MSc, Antonia-Leonie Eberhard, MSc, Alessio Crippa, PhD, André Russowsky Brunoni, PhD, André Aleman, PhD, Stefan Kaiser, MD, David S. Baldwin, MD, Matthew Garner, PhD, Othman Sentissi, PhD, Jess G. Fiedorowicz, PhD, Valerie Brandt, PhD, Samuele Cortese, PhD, and Marco Solmi, PhD.

 

Braz J Psychiatry. 2021 Sep-Oct;43(5):514-524. doi: 10.1590/1516-4446-2020-1169.

Appraising the effectiveness of electrical and magnetic brain stimulation techniques in acute major depressive episodes: an umbrella review of meta-analyses of randomized controlled trials

Laís B Razza  1 , Leonardo Afonso Dos Santos  1 , Lucas Borrione  1 , Helena Bellini  1   2 , Luis C Branco  3 , Eric Cretaz  4 , Dante Duarte  3   5 , Ygor Ferrão  6 , Ricardo Galhardoni  7   8 , João Quevedo  9   10   11   12 , Marcel Simis  13 , Felipe Fregni  14 , Christoph U Correll  15   16   17 , Frank Padberg  18 , Alisson Trevizol  19   20 , Zafiris J Daskalakis  20   21 , Andre F Carvalho  20   21 , Marco Solmi  22 , André R Brunoni  1   23   24   25

Affiliations

PMID: 33111776 PMCID: PMC8555652 DOI: 10.1590/1516-4446-2020-1169 

O conteúdo deste website tem como objetivo oferecer, em linguagem acessível, orientações aos pacientes sobre coluna vertebral, suas patologias e tratamentos. As informações disponibilizadas não substituem a consulta médica.

© Glia Neurologia e Neuromodulação. 2024.