Neuromodulação não invasiva para Parkinson: entenda

A Neuromodulação não invasiva tem se provado uma alternativa eficaz no alívio dos sintomas da doença de Parkinson. Saiba para quais casos é indicada, suas vantagens e como é feita.
Neste post, você vai saber:

A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, causando tremores, rigidez muscular e dificuldades de movimento. Embora os tratamentos farmacológicos tradicionais sejam eficazes para muitos pacientes, nem todos respondem bem a essas terapias, e os efeitos colaterais podem ser significativos. Nesse contexto, a neuromodulação não invasiva surge como uma alternativa viável para potencializar o efeito das medicações e minimizar os efeitos adversos.

O que é Neuromodulação Não Invasiva?

A neuromodulação não invasiva refere-se a técnicas que alteram a atividade cerebral sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos. No contexto da doença de Parkinson, duas técnicas principais têm se destacado:

A Estimulação Magnética Transcraniana utiliza campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro. Imagine-a como um “despertador” para as células cerebrais que estão “dormindo” devido à doença de Parkinson.

A Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua aplica uma corrente elétrica de baixa intensidade através do couro cabeludo para modular a atividade neural. Esta técnica é como um “regulador de volume” para a atividade cerebral, ajudando a “aumentar” ou “diminuir” a atividade em áreas específicas afetadas pela doença.

Quando recorrer à Neuromodulação não invasiva para tratar a doença de Parkinson?

Este tratamento é indicado para seguintes casos:

  • Resistência ou intolerância a medicamentos

Se o controle dos sintomas com medicamentos tradicionais para Parkinson, como levodopa, ainda não é o almejado, ou se o paciente está experimentando efeitos colaterais significativos, a neuromodulação não invasiva pode ser uma alternativa viável. Essas técnicas podem complementar o tratamento medicamentoso, potencializar o efeito das medicações, evitando doses maiores e por vezes potencialmente permitindo a redução das doses e minimizando os efeitos adversos.

  • Sintomas motores persistentes

Pacientes que continuam a sofrer com tremores, rigidez e bradicinesia (lentidão dos movimentos) apesar do uso de medicamentos podem se beneficiar da neuromodulação. As técnicas como EMT e ETCC têm mostrado eficácia na redução desses sintomas motores, melhorando a funcionalidade diária.

  • Declínio cognitivo e problemas de humor

A doença de Parkinson não afeta apenas o movimento; questões cognitivas e emocionais, como depressão e ansiedade, também são comuns. A neuromodulação não invasiva tem demonstrado benefícios na melhoria da função cognitiva e no alívio dos sintomas depressivos, proporcionando uma abordagem holística para o tratamento.

  • Evitar procedimentos cirúrgicos

Para pacientes que não são candidatos ideais para a Estimulação Cerebral Profunda (DBS) devido a riscos cirúrgicos ou que preferem evitar intervenções invasivas, a neuromodulação não invasiva oferece uma alternativa segura e eficaz.

  • Integração com outras terapias

A neuromodulação pode ser integrada com outras formas de tratamento, como fisioterapia e terapia ocupacional, para maximizar os benefícios. Se o paciente já está envolvido em um regime de reabilitação física, adicionar a neuromodulação pode potencializar os resultados.

  • Busca por melhor qualidade de vida

Se o objetivo é melhorar a qualidade de vida geral, a neuromodulação não invasiva pode ser uma opção a considerar. Muitos pacientes relatam uma sensação de maior bem-estar e funcionalidade após o tratamento, o que pode impactar positivamente a vida cotidiana.

  • Recomendações médicas

Sempre é crucial seguir as recomendações de um neurologista especializado. Se o médico sugere a neuromodulação não invasiva como parte do plano de tratamento, isso geralmente é baseado em uma avaliação cuidadosa das necessidades e condições específicas do paciente.

Por que recorrer ao tratamento com Neuromodulação não invasiva para doença de Parkinson?

Os benefícios e vantagens apresentados por este tratamento incluem:

  • Melhora nos movimentos

Muitos pacientes relatam uma redução nos tremores e na rigidez. Imagine poder segurar uma xícara de café sem derramar ou abotoar uma camisa sem frustração.

  • Caminhada mais fácil

A melhoria na marcha pode significar a diferença entre precisar de assistência constante e manter a independência.

  • Menos fadiga

Pacientes frequentemente relatam se sentirem mais energizados após o tratamento.

  • Melhora cognitiva

Problemas de memória e concentração são comuns, mas muitos notam uma melhora significativa nessas áreas.

  • Melhora no humor

A depressão muitas vezes acompanha a doença de Parkinson. A neuromodulação pode ajudar a aliviar esses sintomas.

  • Melhora da qualidade do sono

Muitos pacientes relatam melhora na qualidade do sono.

  • Redução dos episódios de disautonomia

A disautonomia é um termo usado para descrever uma série de condições que resultam em mau funcionamento do sistema nervoso autônomo (SNA). O SNA é responsável por controlar funções involuntárias do corpo, como a frequência cardíaca, a pressão arterial, a digestão e a temperatura corporal. Quando há disautonomia, essas funções podem não operar corretamente. Exemplos de disautonomias são taquicardia inesperada e tontura ao levantar.

Como é feito o tratamento?

Na Glia, o tratamento é conduzido da seguinte forma:

  • Avaliação inicial

Antes de iniciar o tratamento, o paciente passa por uma avaliação detalhada com o neurologista para determinar a adequação da neuromodulação não invasiva ao seu caso. Isso inclui uma revisão do histórico médico e uma avaliação dos sintomas atuais da doença de Parkinson, como a intensidade e a frequência dos tremores, rigidez muscular e dificuldades de movimento. Neste momento, é determinada a técnica de neuromodulação a ser usada no tratamento do paciente.  Para obter informações específicas sobre elas, acesse os links EMT e ETCC.

  • Sessões do tratamento

Durante uma sessão, o paciente se senta confortavelmente enquanto o dispositivo de neuromodulação é posicionado próximo ao couro cabeludo. Dependendo da técnica utilizada, o dispositivo pode emitir pulsos magnéticos (EMT) ou aplicar uma corrente elétrica de baixa intensidade (ETCC) para estimular áreas específicas do encéfalo ou medula espinal associadas ao controle motor. Cada sessão pode durar de 30 a 60 minutos.

  • Frequência e duração

O tratamento geralmente envolve sessões diárias durante várias semanas. A frequência e a duração exatas dependem da resposta individual do paciente e do protocolo específico utilizado, mas normalmente são realizadas de segunda a sexta-feira. Para a Doença de Parkinson, um protocolo comum pode incluir sessões diárias durante 4 a 6 semanas.

  • Monitoramento e ajustes

Na Glia, o progresso do paciente é monitorado regularmente, e ajustes podem ser feitos no protocolo de tratamento conforme necessário. Estas ações são fundamentais para otimizar os resultados. Isso garante que o tratamento seja adaptado às necessidades individuais de cada paciente, especialmente considerando a variabilidade na resposta ao tratamento da doença de Parkinson.

  • Número de sessões recomendado

Em média, são recomendadas de 20 a 30 sessões para um tratamento eficaz da doença de Parkinson. A resposta ao tratamento pode variar, mas a maioria dos pacientes começa a observar os primeiros resultados após 2 a 4 semanas de sessões contínuas.

  • Duração dos efeitos

Os efeitos do tratamento podem durar de vários meses a mais de um ano. Para prolongar os benefícios, alguns pacientes podem necessitar de sessões de manutenção periódicas. Isso é especialmente relevante no tratamento da doença de Parkinson, onde a manutenção dos efeitos terapêuticos é crucial para melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade do paciente.

Perguntas frequentes

A Neuromodulação não invasiva cura o Parkinson?

Não. Atualmente, a doença de Parkinson não tem cura. As técnicas de Neuromodulação podem ajudar a aliviar alguns sintomas da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Elas são utilizadas como complemento ao tratamento que contempla medicamentos e outras terapias, para gerenciar os sintomas motores e não motores associados ao Parkinson.

Há casos em que o tratamento é contraindicado?

Sim. Todos eles são apontados na página sobre neuromodulação não invasiva.

A neuromodulação não invasiva representa uma inovação significativa no tratamento da doença de Parkinson, oferecendo uma alternativa eficaz e segura para pacientes que buscam alívio dos sintomas motores e uma melhor qualidade de vida. Sempre é crucial que a decisão de utilizar essas técnicas seja feita em conjunto com um neurologista especializado, que poderá avaliar a melhor abordagem para cada caso individual.

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